segunda-feira, dezembro 31, 2007

Pérolas (XLIV)

O melhor 'post' de 2007!

terça-feira, dezembro 25, 2007

Pérolas (XLIII)

Um texto muito bem adaptado à época, seja qual for o ponto de vista.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Boas Festas


Este ano, aos que forem passar o Natal à terra, desejo que não fiquem por lá. E aos outros também.

sábado, dezembro 15, 2007

Super cliente Sapo

Nem só os meus amigos 'bloggers' me enviam inquéritos a sondar a minha inefável personalidade. Os meus amigos do 'sapo' também estão muito interessados nos meus dados pessoais, provavelmente porque estão na corrida para identificar quem são os tais que andam a desinquietar a noite da cidade do Porto. Ou quem anda a levar caixas multibanco para casa, sei lá. Aqui vai o último inquérito que me vai garantir 4,5 kg de Toblerones.



Consegue imaginar o que faria com 4,5Kg do delicioso chocolate Toblerone? Consegue? Então tudo o que imaginou poderá vir a ser realidade!


Preencha o formulário que se segue e habilite-se a ganhar um dos 45 Super Toblerone de 4,5Kg


1. Para tal, tem de ser um Super Cliente de um, ou mais, dos seguintes serviços: - Serviço de Telefone Fixo da PT Comunicações - Serviço SAPO ADSL - Serviço Sapo Mail - Serviço SAPO Messenger.


Nome -------------------- Lino Centelha

Morada ------------------ Mem Martins City

Telefone de Contacto -----9XX XXX XXX


Nota: Se for um dos vencedores, será contactado para o número de telefone indicado em "Telefone de Contacto"


2. Sou um Super Cliente...


PT Comunicações - Número de Telefone Fixo ---------- 21X XXX XXX

SAPO ADSL - Username do acesso ADSL -------------- as????????????@sapo

SAPO Mail - Endereço de Email SAPO ---------------- ???????????????@sapo.pt

SAPO Messenger - Endereço de Email utilizado no SAPO Messenger ----------- JAMAIS!


3. Mas não basta ser um Super Cliente... terá de nos convencer disso. Inspire-se e escreva uma frase a explicar porque é um Super Cliente.


Sou um super cliente, mas tão super cliente, que quando se olha para mim se vê logo que sou um super cliente. Tenho um telefone fixo que quase não uso mas que tenho que ter para ter o ADSL e pelo qual pago, quer faça chamadas, quer não faça chamadas 15,32 € por mês. A ligação ADSL propriamente dita custa-me a módica quantia de 35,57 €. Pago, portanto, 50,89 € por mês para "assapar", como vocês dizem. Isto faz de mim um dos melhores pagadores de internet da Europa, com uma velocidade de 4 Mega que é sempre na prática menor que noutros países com velocidades nominais menores e que pagam menos. Além disso recebo, com toda a paciência, este tipo de 'mails' e telefonemas que me garantem que o que pago inclui levar em cima com o marketing que vos apetece. Se eu não sou um super super cliente ao manter-me na vossa rede, quem é que é?


4. Por fim, envie-nos a sua melhor receita para acompanhar ou utilizar o chocolate Toblerone, que poderá ser publicada em http://sabores.sapo.pt.


Os 15,32 € que pago para um serviço que não sei o que é, mas que suponho que sirvam para sustentar o Limbo, que o infalível Papa disse ter acabado, davam para comprar pelo menos 6 Toblerones pretos por mês, que é a dose recomendada pela OMS a quem não viva nos países produtores de cacau (esses que chupem no dedo que já ficam com o imenso dinheiro que sobra dos intermediários Europeus que têm um enorme trabalho a trazer o cacau para cá...) Mas uma boa receita para um Toblerone pequeno é eu a dar uma dentadinha num lado e ela do outro até o Toblerone acabar e depois continuar... Os 4,5 kg de Toblerone hão-de dar até à Primavera e só nessa altura mudar de rede para conseguir manter o hábito.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Postdezanove

Faz muitos anos, já não sei quantos, que fomos uma noite para a Fonte da Telha, fugindo à luz da cidade, ver uma chuva de estrelas. Diziam que seria a maior de sempre - coisa nunca vista - a Terra a atravessar, no seu percurso celeste, uma zona densamente povoada com os restos da formação do sistema solar. E esperávamos vê-los morrer queimados ao atravessarem a nosso protectora atmosfera. Faz muitos anos.

Lembrei-me hoje quando vinha do trabalho. Por que no céu limpo e iluminado, enquanto conduzia, consegui ver um inesperado traço de luz.

Naquela noite, há muitos anos, a ânsia de ver já nos fazia ver riscos onde eles não estavam. Eram necessários para que se justificasse o nosso incómodo. Tínhamos que ter uma qualquer recordação do dia em que tentámos ter alguma recordação. Tínhamos andado dezenas de quilómetros numa noite que não tinha nada de especial a não ser essa manifestação a céu, a substituir-se ao letárgico andar dos dias.

Hoje, talvez por tantos anos, não me lembro se cheguei a ver alguma estrela. Não me lembro se a desilusão foi apenas por as estrelas terem faltado ou por já não haver estrelas para além das estrelas que esperávamos. Mas lembro-me de uma desilusão. Também não me lembro se no teu esforço de não dar por perdido um serão terás visto alguma estrela ou apenas a vontade de ver uma estrela.

Lembrei-me hoje, ao ver, sem as condições ideais da Fonte da Telha, sem aquela escuridão proverbial que permite ver sem o ruído da luz, o fogacho instantâneo de um meteorito a atravessar pressuroso o horizonte ligeiramente acima dos candeeiros da estrada.

Fomos muito longe naquela noite. Os riscos luminosos tinham sido prometidos para a distância do lado de lá do rio e vinham de fora, do espaço, da distância absurda do espaço.

Nessa altura, há muitos anos portanto, enquanto nos deslocávamos para o lugar das promessas, lembrei-me de muitos anos atrás quando eu gostava de me deitar na mesa do quintal, nas noites de verão, a olhar para o céu, por entre as frestas escuras das árvores. Terá sido aí que, por acaso, vi a minha primeira estrela cadente. E foi por ela que lá voltei muitas e muitas noites, à espera que se repetisse a aparição, enquanto a minha mãe não dizia, parando por momento a máquina de costura, que eram horas de ir dormir.

Lembrei-me hoje, por acaso, por ter visto aquele rasto de luz insignificante.

Regressámos ao carro calados. Eu estava preocupado por ter deixado o Uno estacionado à beira da estrada, caindo perigosamente para a berma de areia. Eles tinha prometido uma chuva de estrelas. Talvez elas chegassem mais tarde. Mas no dia seguinte tínhamos que trabalhar e temíamos as filas de trânsito de tantos que, como nós, tinham ido à procura de sinais do céu.

Muitos anos antes eu teria ficado à espera a noite toda, ou até que alguém mais forte me mandasse para a cama. Nessa altura ainda não sabia quem eram aquelas misteriosas viajantes. Apenas sabia que havia homens que há pouco tempo tinham viajado para a Lua e lá tinham deixado pegadas. Tinha lido no jornal que pelo espaço poderíamos andar continuamente, sempre e sempre, e haveria sempre espaço para andar. E era essa surpresa que eu procurava apanhar, deitado em cima da mesa do quintal, olhando fixamente os pontos cintilantes a distâncias que eu não sabia contar.

Não foi nessa noite que vimos estrelas cadentes. Nem depois. Estranhamente não voltámos a conseguir vê-las em nenhum lado. Como víramos no princípio. Depois deixámos de frequentar o frio da noite por não haver tempo para ficar à espera do acaso.


Aibieme

sábado, dezembro 08, 2007

Conto

Cumprem-se todos os dias novas intenções.
No passo certo com que tento deter o cansaço há sempre uma variante de tempo e de espaço.
A repetição nunca se repete da mesma maneira.
E o gesto que se espera vem sempre antes ou depois da cadência.
Nenhuma medida se satisfaz consigo mesma, sem se deter na comparação.


Sempre soube que só o número poderia alguma vez matar-me.
No que estava escrito, tudo era claro menos o número.
De todas as coisas se podia falar sem receio nem omissão.
As palavras seguiam-se umas às outras apenas pelo prazer de dizer.
Depois de cada frase havia sempre outra frase que a negava.
Mas o número, não.


As contas que faço ao volume do meu medo nunca dão resto zero.
A altura a que chega a minha voz é uma oitava do que era.
O preço de cada instante de prazer tende para infinito.
A área da superfície do meu sorriso, tende para zero.


Mas isto é nada, com o que se passa à minha volta.
O que interessa são os números grandes e os grandes números.
A competição é pelo volume de sangue a escorrer pelas valas.
Pela quantidade de gente que passa fome.
E pelos ritmos de produção de espingardas.


Também interessam os números do euro-milhões.
Os números da bolsa, do défice, do desemprego, da inflação.
Interessam os golos, os pontos, os espectadores e as receitas da bola.
Os custos de aeroportos, o preço do petróleo e a temperatura da Terra.
Interessam muito os números de circo da estatística das sondagens.
O ordenado mínimo, a esperança de vida e o número de crianças.


Sempre soube que só o número poderia alguma vez matar-me.
O que estava escrito era uma forma de passar o tempo e olhar para ele com ironia.
Liquidavam-se em palavras as dívidas de ignorância.
Passava-se para o momento seguinte numa pirueta de gestos e sons.
E estava na mão a ligação física à terra de que éramos matéria consciente.


Mas o número chegou para nos contar histórias trágicas.
Para nos comparar uns com os outros sem nos ver.
Para nos desenraizar com raízes quadradas.
Para nos somar, subtraindo, e nos multiplicar, dividindo.


Sísifo

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Anda demasiada gente preocupada em salvar-me.
Todos os dias, todas as horas.
Na televisão, no telefone, na internet, na rua, nos transportes públicos.
No alto dos montes, nos mosteiros, nas esquadras da polícia, nas assembleias municipais.
Nos governos, nas universidades, nos hospitais e nas clínicas.
Na padaria, no café, no trabalho, nas reuniões de condomínio.
Nas igrejas, nos santuários, nas plataformas petrolíferas, nas minas de ouro e nos bares de alterne.
Nos campos de futebol, nas grandes superfícies, nos tribunais e nas prisões.
Na praia, no campo, na neve, no hotel e no campo de golfe.
No cinema, no teatro, no circo, no museu, no estacionamento subterrâneo.
No elevador, no restaurante, no jardim, no cemitério.

Em todo o lado encontro uma multidão disposta a tudo para me salvar.
Choram por mim, rezam por mim, chamam por mim, preocupam-se comigo.
Não dou um passo que não sinta este enorme calor humano.
A cada esquina uma vestimenta diferente a saudar o meu futuro.

O médico, o curandeiro, o psicanalista, o gestor de conta.
A florista, o padre, a massagista e o coveiro.
O padeiro, o carteiro, o criativo, o taxista, o guarda e o agente de seguros.
O pintor, o barbeiro, a secretária, a porteira, o técnico de contas, o advogado.
A madame, o veterinário, o assessor, a telefonista e o amante dela.
O cantor, o artista, a malabarista, o escritor e o toureiro.
O monge, a freira, o eremita, o quiroprático e o arquitecto.

Que fumo, que bebo, que ando depressa, que não respeito os sinais.
Que me visto mal, que vejo mal, que escrevo mal, que cheiro mal.
Que não dou, que não tenho, que não recebo, que não calculo, que não creio.
Que não sonho, que não penso, que não sei, que não ouvi, que não comprei.
Que não durmo, que não voo, que não acalmo, que não me mexo, que não compreendo.
Que não venço, que não lucro, que não mando, que não apareço, que não quero.
Que me esqueço, que ignoro, que sofro, que perco, que desprezo.
Que fujo, que saio, que erro, que calo, que não existo.

Juntos ou em separado, fazem tudo por mim.
Pensam em mim o tempo todo.
Nada mais os comove que a minha salvação.
E fazem da sua vida um monumento a meu favor.
Acotovelam-se para serem os primeiros a salvarem-me.
Salvar-me é o seu propósito, a sua missão.

Alguns não me incomodam porque percebi que mais não querem que os trocos que ainda tenho no bolso.

Mas há outros que para me salvar estão dispostos a matar-me.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Certeza

Tinha uma coisa para te dizer mas não sabia se era verdade e por isso não te disse. Só te posso dizer aquilo que tenho a certeza que é mentira. Na verdade, quando te digo isto, estou a tentar não violar o meu próprio princípio. Mas é difícil. Ao contrário do que é comum, calha-me ter escrúpulos de alguma vez te dizer alguma coisa que possa ser confusa e tomada como falsa quando é precisamente isso que te quero dizer. Por princípio aquilo que digo é verdade. E se o digo a ti é duplamente verdade. Mas quando o digo, a minha intenção é mentir-te para que tomes por verdade aquilo que eu te digo. Se não acreditasses no que eu digo, por uma qualquer razão, mesmo que absurda, eu não teria qualquer hipótese de te mentir. É fundamental, por isso, que eu te diga sempre a verdade para que acredites sempre no que eu digo, ainda que o que eu diga seja sempre mentira. E como é sempre mentira aquilo que eu digo, embora tu tomes toda a minha mentira como uma verdade, não preciso de me esforçar para mentir tal como ninguém o faz sempre que mente, mesmo que convencido que diz a verdade ao dizer uma mentira que lhe contaram.

Seria impossível conversarmos se eu não dissesse sempre a verdade. O que ouves dos meus lábios, ainda que não ouças tudo que eu digo, é sempre a verdade que, de uma maneira ou de outra, estás à espera de ouvir. E isso faz com que seja relativamente fácil mentir. Ao mentir, mesmo que diga a verdade para tu ouvires, estou a conformar-me a ser tão verdadeiro quanto possível. O meu discurso está todo entregue à emissão de uma verdade que te satisfaça e é por isso absolutamente verdadeiro no seu conteúdo totalmente falso. São as minhas palavras que não são capazes de te mentir. Ouves o que é a verdade e é sobre essa verdade que eu construo a verdade que me interessa e que, bem vistas as coisas, é também a verdade que te interessa a ti.

Ninguém, tal como tu, está hoje disponível para chamar verdade ao que, numa perspectiva muito livre, for efectivamente a verdade. Qualquer palavra que eu diga, mesmo estas em que tento explicar o inexplicável, é a verdade efectiva que estás disposta a ouvir, ainda que a verdade efectiva - a que não estás disposta a ouvir (nem tu nem eu) - seja outra que eu não sou capaz de dizer agora. Isto apesar de não haver qualquer dúvida de que aquilo que eu digo, e especialmente do que te digo a ti, ser a pura verdade. Em caso algum sou capaz de dizer alguma coisas que não seja absolutamente verdadeira. E isso mostra como tudo o que digo é mentira. É mentira tal como é mentira o que tu me dizes, mesmo que eu seja capaz de pôr as mãos no fogo pela verdade das tuas palavras. Porque se há algum lado em que a mentira é permanente, a tal ponto que nunca se duvida, tu és o seu oráculo e sacerdotisa. Não há momento em que eu consiga pôr em causa a absoluta verdade das tuas mentiras e todo o meu esforço é amador quando minto até à exaustão para te dizer a verdade.

Muitas vezes penso, mesmo não pensando muitas vezes, que o que te posso dizer que não seja verdade já tu conheces há muito tempo. Acreditas, por isso, em cada uma das palavras que mentindo sou capaz de te dizer, sem denunciar o nervosismo de por algum lapso te poder dizer, sem querer, a verdade. Não sei se minto quando te digo o que penso sobre ti, porque quando o digo é de tal maneira verdade que eu próprio fica na dúvida sobre a verdade do que te digo. Estou convicto de que o que te digo é mentira e por isso o digo com o à vontade de quem diz a verdade, mesmo sabendo que está a mentir. É tão falso que eu minta como é falso que diga a verdade, e também é completamente falso o contrário. Mas é sempre verdade que eu minto, mesmo que sempre que eu minta seja verdadeiro.

Na verdade não sei se é bom ou mau ter-nos Deus dado este incontornável jeito para mentir.

Prologo

sábado, dezembro 01, 2007

Desde então

O Finúrias, no seu paradoxal blogue, gosta de nos provocar com imagens aparentemente inócuas. Depois fica à espera do relato das perturbações induzidas. Vão lá colaborar...


Desde então por cada prazer uma ruga. Estranha esta contabilidade do céu. Dar e receber. Rugas pelos nossos prazeres e rugas pelos prazeres dos outros. Um comércio tradicional. Uma alegria no tempo a trazer lágrimas hoje. Ou o contrário. Passos que não dei para que eles dessem passos mais firmes e seguros. Ilusão, claro. É por esse lado que vão as minhas mãos que já perderam a eficácia e têm agora o passado inscrito. Numa estranha linguagem escreveu-se aqui um texto que define a minha perda. O meu diálogo violento com o tempo. O meu crédito de ternura. A fotografia fica parada e trai-me. Põe na minha mão a potência do passado. Os sonhos. Quando ainda tudo era possível. Mesmo que a desconfiança aconselhasse a não esperar.

Desde então por cada beijo um desgosto. O ofício a dobrar o músculo sobre a obrigação. Os passos doridos pelo cansaço diário de não parar, de não dar tempo ao pensamento nem à dor. Tudo a equivaler-se na oração já desesperada. Para quê, Deus? As mãos fizeram o seu trabalho e andaram sempre próximas da verdade. Por isso trazem em si toda a história. Contam-na à sua maneira em gestos cada vez mais soletrados. O passado perde importância à medida que o futuro escasseia.

Desde então por cada surpresa uma dor. Não sobraram intenções. Não sobrou a volúpia de querer vencer. Não sobrou nenhum vestígio do desejo. Dizem que a cada sete anos a matéria que nos faz é toda renovada. E com a matéria vão as memórias e os desejos. Vão também os sons que se perderam e as vozes que atravessavam a alegria das conversas. Coisas que vêm do nada e a ele voltam. Só a matéria, que se renova cada vez mais disforme, permanece moldada à pressão das intempéries. E as mãos. As mãos permanentemente a negarem-nos.

Desde então por cada dia uma derrota. O sol a queimar o rosto e a esperança. A evaporar o amor e as amizades. A derreter a firmeza de laços provisoriamente eternos. E as notícias da noite a falarem de uma terra cada vez mais povoada. E o meu horizonte cada vez mais vazio. Os passos a serem cada vez mais curtos e vacilantes. E nenhum gesto de atenção a esta sobra do tempo. De repente, ainda somos, mas já não somos. As vozes já só se dizem para nos instruir, para nos ensinar o que não precisamos de saber. O que sabemos já não interessa.

Desde então por cada pensamento uma angústia. Vidas geradas para tentar. Mundos novos a descobrir. Frases novas a escrever e contar. Cumprir o estranho destino de ser. Estranha esta contabilidade do céu que só nos deixa conhecer o futuro depois, que nos dá o sonho para nos desiludir, que nos renova para nos enterrar, que nos alimenta para nos escravizar, que nos solta para nos perseguir, que nos dá a memória para esquecer, que nos dá a voz para mentir, que nos dá os sentidos para nos submeter.

Desde então por cada filho um universo.