Para um desafio de palavras em linha sobre fotografia de revelações avulsas
Podemos olhar para um rosto e ver nele o tempo. Imaginar que esse tempo foi todo ele como se nos apresenta agora. Pensar que nos interstícios de cada ruga se alojou um desgosto.
Mas também podemos ver no olhar firme o traço intenso da vontade e a fruição íntima de um gesto ou de uma memória. Digo eu. Que gosto de olhares fixos no horizonte, abandonados a uma reflexão que parece concentrar num instante todos os destinos.
O nosso olhar é o momento do nosso olhar.
E no rosto instantâneo, aliviado pela tigela de caldo, paira, naquela impressão primeira que me autorizou um sorriso terno, a posse de um passado cheio de acontecimentos, de acasos, de sortes e de perdas. Isso mesmo. Tal e qual como eu, tal e qual como nós.
Um rosto que sobreviveu ao tempo, e que aparece agora recheado de idade, aconchegado pela roupa quente, alvo e quieto, imune às velocidades de quem ainda espera muito, lembra-me, às vezes, como neste caso, sabedoria.
Parece-me, pelo menos nos dias bons, que não devo lamentar o tempo nem os cabelos brancos.
A 'alma', essa animação que nos identifica e percorre um intervalo de tempo, tomando da terra a matéria emprestada, termina um dia. Mas cada um de nós é, enquanto é, só e apenas essa animação. E isso é extraordinário.
Podemos olhar para um rosto e ver nele o tempo. Imaginar que esse tempo foi todo ele como se nos apresenta agora. Pensar que nos interstícios de cada ruga se alojou um desgosto.
Mas também podemos ver no olhar firme o traço intenso da vontade e a fruição íntima de um gesto ou de uma memória. Digo eu. Que gosto de olhares fixos no horizonte, abandonados a uma reflexão que parece concentrar num instante todos os destinos.
O nosso olhar é o momento do nosso olhar.
E no rosto instantâneo, aliviado pela tigela de caldo, paira, naquela impressão primeira que me autorizou um sorriso terno, a posse de um passado cheio de acontecimentos, de acasos, de sortes e de perdas. Isso mesmo. Tal e qual como eu, tal e qual como nós.
Um rosto que sobreviveu ao tempo, e que aparece agora recheado de idade, aconchegado pela roupa quente, alvo e quieto, imune às velocidades de quem ainda espera muito, lembra-me, às vezes, como neste caso, sabedoria.
Parece-me, pelo menos nos dias bons, que não devo lamentar o tempo nem os cabelos brancos.
A 'alma', essa animação que nos identifica e percorre um intervalo de tempo, tomando da terra a matéria emprestada, termina um dia. Mas cada um de nós é, enquanto é, só e apenas essa animação. E isso é extraordinário.
4 comentários:
É extraordinário que tenhas visto tranquilidade onde eu vi tristeza; paz onde eu vi revolta contida.De facto, "o nosso olhar é o momemto do olhar".
Gostei da que para mim foi a palavra chave... sabedoria!
Obrigado :)
Abraço
Que 2006
e anos seguintes
te tragam a ti, e a todos os que te são queridos
o que de melhor desejares!
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