Às vezes acontece-me acreditar.
São pequenos instantes, lapsos de tempo em que há um adormecimento qualquer da razão.
Proponho a química como explicação.
Uma intersecção improvável dos fluidos corporais leva a razão a baixar os braços, a desistir de ser.
Mas também pode ser o tempo.
Porque o tempo move-se aos saltos, não é um fluido contínuo.
Na linguagem dos físicos o tempo está quantificado.
Um 'quanta' de tempo, um 'cronão' - porque não? - há-de ser essa entidade minúscula, quantidade granular que vai passando - ela sim - pela ampulheta magnífica do instante.
E os grânulos do tempo não são todos iguais.
Alguns aparecem na engrenagem com dimensão tal que da fluidez fazem turbulência e da fé um estado estacionário.
Há quem garanta, por experiência própria, que as ocasiões de crença, muitas ou poucas, resultam do medo.
Mas são pessoas que resolvem tudo com o medo.
Contabilizam os estados de inquietação com teorias da ameaça e recuam para locais abrigados, para o fundo encoberto das cavernas.
Às vezes acontece-me acreditar.
E confesso que sabe bem.
Do rosto ausenta-se, nesses instantes, a contracção aborrecida da desconfiança.
Os braços levantam-se como se soubessem dançar.
Os pés ficam absurdamente ávidos de longas distâncias e saltos muito vivos.
O coração adormece os seus impulsos assassinos.
Mas não tem lógica nenhuma.
Não, não tem lógica nenhuma.
Sísifo
1 comentário:
o tempo é uma função contínua, monótona, com tendência para o infinito... desculpa mas não acredito no einstein
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