Disse que sim podendo dizer que não, digamos assim, como se dizer sim ou dizer não fosse o meu degrau de liberdade. Disse que sim porque sim, podendo dizer não porque não, ou dizer não porque sim, ou mesmo dizer sim porque não. As razões do sim e as razões do não à espera de eco nos hemisférios cerebrais, no norte e no sul da consciência e na ligeireza de ir ali e já vir, à procura outra vez de mais razões para os porquês de sentir.
Disse que sim, querendo dizer sim porque sim, e logo a seguir, assim, sem mais nem menos, descobrir que dizer que sim, agora, aqui, assim, é quase o mesmo que dizer que não, porque se pode dizer sim querendo dizer não, e se pode dizer não querendo dizer sim. Também se pode dizer sim dizendo que se disse não ou dizer não dizendo que se disse sim. Nada é assim simples.
Disse que sim, assim, sem mais nem menos, para depois saber, como já antes sabia, que hoje, nestes dias assim, dizer que sim e dizer que não - deitar mais uma gota de água no mar - é a mesma coisa, assim mesmo. Porque manda a verdade, a tal verdade de que se fala, que nada seja diferente de não ser nada e tudo seja igual a ser tudo, sendo o nada e o tudo tão iguais como o sim o não e o mais e o menos e tudo aquilo que já supus serem coisas opostas.
Disse que sim, sem vontade de dizer não, mas já me dizem que o sim que eu disse era não e o não que outros disseram era sim. Dizem-me que ao dizer sim não era bem sim que estava a dizer porque quem quer que dissesse não também sabia que o seu não era, ainda assim, um sim que não se dizia como sim mas como não. Foi assim que o meu sim é agora olhado como um não que eu não disse mas que me garantem que é exactamente igual ao não que outros disseram e igualmente igual ao nem sim nem não dos que não disseram nada.
Disse que sim mas sei agora que o meu sim era muito diferente de outros sins que foram ditos por outros e que, muito provavelmente, o sim que eu disse nem sequer era igual ao sim que eu queria dizer. A verdade, sei agora, é que muitos sins e muitos nãos são iguais a outros sins e a outros nãos sem que alguém seja capaz de distinguir os sins dos nãos e os nãos dos sins.
Disse que sim mas já não tenho a certeza de ter dito o sim que queria, ou mesmo se disse sim ou não, ou se não cheguei a dizer nem sim nem não na expectativa que outro qualquer soubesse dizer por mim esse sim que eu queria dizer. É assim que agora fico com o sim atravessado na garganta como já estava antes, quando me apercebi que era um sim que queria para subir mais um degrau na liberdade de poder cada um dizer não quando se tratasse da sua própria vontade.
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
Simtoma
zunido por prologo at 11:30 da tarde
zonas: silêncio
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