sábado, outubro 13, 2007

O Segredo do Nobel

De ano para ano vai-se confirmando que o comité que escolhe o Nobel da Literatura tem um critério totalmente determinado pela edição em Portugal.

Muitos falam de pressões políticas, económicas, religiosas, etc., mas após uma cuidadosa verificação dos dados acumulados ao fim destes anos todos, os únicos parâmetros que permanecem incontornáveis são a inexistência de edição do novo Nobel em Portugal (ou edições descuidadas e há muito tempo esgotadas) e estarem sempre fora das listas de 'nobelizáveis' enunciadas pelos comentadores nas várias publicações que antecedem a grande decisão.

Começa a ser claro que o comité Nobel tem como objectivo - incompreensível - lesar os editores portugueses. Ninguém poderia acreditar que houvesse tão sistematicamente critérios errados na escolha dos autores a editar. Só pode mesmo tratar-se de uma tramóia. E tendo o Nobel da Literatura o único objectivo de promover as vendas de determinado autor, estamos perante uma atitude inqualificável por parte da Academia.

Estou a imaginar que nas semanas que antecedem a atribuição, a Academia Sueca destaca para Portugal um ou mais agentes que vêm verificar exaustivamente os autores viáveis que em Portugal não se vêem nem se falam. Perante os relatórios e os faxes e 'e-mails' com as sugestões que aparecem nos jornais, o comité Nobel limita-se a ir riscando da lista qualquer nome que tenha o privilégio dos editores portugueses. Depois, entre os que sobram, fazem um sorteio, porque estão muito em cima da hora da entrega e já não há tempo para os ler.

Só isso explica que uma escritora como Doris Lessing, com mais de cinquenta livros publicados, tivesse hoje à venda nas livrarias apenas a obra "Gatos e mais gatos", que, por acaso, são histórias sobre gatos, mas poderia ser uma obra sobre os disparates do Governo, ou sobre o PSD (o tal saco de gatos), ou mesmo um manual para cuidar desses fantásticos animais.

Uma vez mais a Academia troçou dos Editores Portugueses. O que vale é que mesmo sem Nobeis, alguns editores vão sempre arranjando um Segredo para compor as contas.


(A título de exemplo, o Nobel de 1955, Halldór Laxness, foi editado este ano em Portugal... ao que sei, pela primeira vez. Mas mesmo nisso alguns editores são pouco escrupulosos, pois anunciam como inéditos livros que estão esgotados ou que tiveram novas traduções.)

Artur Torrado

3 comentários:

mfc disse...

Depois dos Santanas e Sócras, só faltava a Academia Sueca a tramar-nos!
É galo, bolas!!!

Artur Torrado disse...

Mfc, tens razão. "Galos e mais galos" seria um bom título para a evolução política em Portugal. Deve vir daí o ícone Galo de Barcelos...

addiragram disse...

Essa escolha selectiva da Academia Sueca continua a confirmarmo-nos como "orgulhosamente sós". Que mais poderíamos querer? O nosso maior orgulho só poderá mesmo continuar sendo esse!