sábado, setembro 01, 2007

Quero ir para dentro de um átomo

Numa estatística apressada e sem base científica - não me peçam a ficha técnica - a questão que mais visitas traz a este blogue é saber "tudo sobre a água". A culpa é de um post do Artur, com o título "tudo é água". Não me parece que os incautos visitantes fiquem satisfeitos com o texto que lhes é proposto, mas não tenho maneira de evitar esta espécie de boa vontade que o Google tem em dar gato por lebre.

Logo a seguir, na mesma estatística, um outro equívoco: quem procura imagens com a palavra "voar" encontra a dada altura a injustiça deste link. Injustiça porque a mesma imagem poderia ser encontrada na casa do seu autor - Revelações... Avulsas - com o bónus de poder percorrer um histórico de igualmente belas imagens.

Hoje, cerca das 21 horas, alguém chegou aqui por ter dito ao Google: "quero ir para dentro de um átomo".

O sitemeter diz não saber a origem da pergunta, e eu acredito. Que é que nos impede de ir para dentro de um átomo?

Houve um tempo em que me dedicava a imaginar um limite para a divisão dos objectos. Cortar ao meio uma folha A4 dá duas folhas A5. Cortar ao meio uma folha A5 dá duas folhas A6. Cortar ao meio uma folha A6 dá duas folhas A7... Por aí afora... A dada altura nos meus dedos já só havia pó mas as contas diziam que eu deveria continuar a cortar o pó ao meio. Tinha que fechar os olhos para tentar chegar a ver essa pequenez que me desafiava, e não via senão o desejo de ver algo que já não estava ao meu alcance.

A ciência é uma fé que temos uns nos outros, e eu acreditava no que me diziam os livros, e confiava que aquelas pessoas que tinham imaginado mais longe, eram de uma casta que não mentia.

Havia um ponto em que já não era possível dividir mais: peças de lego que não havia maneira de poderem ser vistas a não ser agrupadas em grandes quantidades. Mais tarde soube que a história não acabava aí e que o indivisível não era assim tão indivisível.

Também me ocorreu a perplexidade de pensar que este terrivelmente grande universo em que vivemos, poderia não ser mais do que um electrão de um outro universo ainda maior. E que um electrão qualquer, dos que povoam a matéria aos magotes, poderia ele próprio ser um universo inteiro. Mas por muito encolhido que me fizesse, nunca ocorreu essa bela experiência de ir para dentro de um átomo.

Zumbido

2 comentários:

Mónica disse...

n partilho dessa fé :D a minha fé acaba na matemática e mesmo essa ai ai

Zumbido disse...

É pena, Mo. Estava a pensar criar uma igreja toda moderna, com dízimos e tudo, para acolher as almas perdidas sob o guarda-chuva cintilante do átomo-assombrado. Mas deixa estar, pode ser que as testemunhas que vou pôr na rua te encontrem e te façam ver a Luz, ou Alvalade, ou o Dragão, ou o Restelo... hum... este é melhor não...