Eu, abaixo assassinado, venho por este meio requerer aquém e além mar de gente vulgar mente com os dentes postiços todos os dias santos e domingos de ramos altos castelos, verdes e amarelos canários na gaiola das malucas mulheres perdidas em série e mulheres sérias perdidas no labirinto de Creta novas leis para abortar o pensamento que o machado corta pela raíz cúbica no volume elevado do som da voz do dono da bola azul cobalto está alto mora todos o vêem e ninguém o atura a gemer imprecações sobre o futuro e o passado desastrado em partes de leão na selva de cimento armado cavaleiro para libertar a avenida de Ceuta das convulsões mecânicas e satânicas sublinhadas com marcador verde eléctrico no Cais do Sodré e não te magoas por levares capacete de aço inoxidável adaptável à evolução dos tempos mortos das pausas para o café esplanada nicola com erros de português e de castelhano a comprar uma aljuba rota por tuta-e-meia volta-volver e devolver o que é nosso a quem não tem nada na profundidade da barragem de fogo preso à lei contra os incêndios das escadas e das almas-penadas e dos corações ao lado esquerdo de quem vê de frente para os olhos de água salobra de santa Engrácia no Carmo ou na Trindade divina da vinha e do vinho que faz uma civilização e depois se corrói com outras drogas estranhas de psicotrópicos ilegais como os imigrantes que chegam como nós carregados de ilusões e ficam satisfeitos com a sopa dos pobres por se estar bem aqui a sobreviver como quem aprende a não ter que saber mais do que a conta da água e da luz e do dinheiro que falta para um euro por dia ou um dólar, tanto faz para atravessar o limiar da fome que acorda o impulso que há em si de investir na bolsa e na energia e na diferença que faz a indiferença perante o movimento uniforme que mente acelerado no vácuo absoluto do Deus único e de serviço permanente sem horário de trabalho e de descanso, tirando um escasso dia em toda a eternidade e é pouco para quem se levanta cedo e não se deita, não chega, anda cansado, deveria tirar férias a alguém, passar uns tempos noutro universo paralelo que pudesse dar-Lhe descanso eterno e ideias brilhantes e com a experiência adquirida fazer nova tentativa, com novos modelos, mais sofisticados, mais ousados, menos agachados às instâncias do poder e menos passíveis de corrupção e de medo e não sei que outras coisas porque a minha profissão, graças a Deus, é não ser Deus e, por isso, não tenho que pensar nem no meu futuro nem no futuro inebriante dos outros que estão aqui ao lado e, por enquanto, não sei quem são nem o que querem, admitindo que querem alguma coisa mas, admito, tem sido difícil chegarmos a um acordo e por isso o melhor é dormir pelo que peça de ferimento.
quarta-feira, outubro 18, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
8 comentários:
Prólogo... finalmente chegaste ao epílogo de alguma coisa.
Parabéns!
Obrigado, Elipse. Tenho duas maneiras de responder à tua questão: a primeira é que um requerimento pode ser o início de qualquer coisa, desde que seja deferido; a segunda é mais prosaica pois parte do princípio de que o epílogo de alguma coisa há-de ser o prólogo de outra coisa qualquer. ;)
... e depois a elipse sou eu!!!
PERFEITO!
Obrigado, Pimpinela. É uma honra o teu comentário.
Bolas, este texto é muito bom mas não me sinto à vonatde para o comentar. Digo porqu~e, é que não dá para acreditar que eu fiz o meu post de hoje ANTES de ter lido este texto (volta e meia, volver)! Destesto fazer plágio sem saber. É possível fazer plágio sem dolo? Creio que não... Será a negligência punível? Talvez sim porque neste meu caso é por demais grosseira... não me admito não ter lido esta pérola antes de escrever fosse o que fosse. Puno-me portanto. Bolas!
Plágio, Bastet?!?! Não me faças rir. Tu fazes palavras que dançam e eu preocupo-me apenas com ligar as palavras para tirar delas alguma lógica. Quem me dera que me plagiassem. Era sinal que tinha inventado alguma coisa. Assim, prefiro pensar que se trata de brincar com as palavras; procurar no eixo semântico algum sentido escondido. E nisso, concedo que também gostas de brincar com as palavras. Mas não me vou sentir culpado por te plagiar.
Esta é a resposta de um gentelman. Obrigada Prólogo.
Enviar um comentário