Como sabes, não adianta nada a submissão. Foi uma perda de tempo acreditar que as cedências de hoje poderiam ter compensações amanhã. Acreditar, como acontece nos jogos e nas batalhas, que um ligeiro recuo pode ser estratégico para a posterior vitória. A vida é um jogo, desde que não seja a nossa. Quando está em campo o sofrimento próprio, o cinismo enterra-se na sua inanidade.
Mas também sabes que não nos submetemos por estratégia. A inteligência, como o gozo, tem um horizonte temporal curto, sucumbe rapidamente ao sentimento, perdendo aí o confronto com a ilusão. Acreditar, como acontece no teatro e no comércio, que a simulação é uma táctica fecunda para obter do outro o benefício. A vida é um teatro, desde que não seja a nossa. A realidade coincide com aquilo que cada um sente.
Sabes que episodicamente consegui fugir da minha realidade. Cedi, fui ao encontro do que manifestava o teu desejo e a tua vontade. Ensaiei os modelos de destino que não subscrevia. E depois de uma cedência – depois de uma perda – aprendi que vem sempre outra e outra. Acreditar, como acontece nos sequestros e no dever, que há um resgate que compensa o valor do risco. A vida é uma prisão, desde que não seja a nossa. Do formato equívoco da vontade nasce o outro equívoco da liberdade.
Só muito mais tarde soube – e não sei se tu sabias - que com a experiência não aprendemos nada que antes não soubéssemos. Testamos a liberdade por descargo de consciência, para sentir que o tempo passa na direcção certa. Acreditar, como acontece nos laboratórios e no amor, que o acaso - ou Deus - pode ter um dado viciado a sortear números impossíveis. A vida tem um destino, desde que não seja a nossa. Não me interessa o que está escrito em nenhum livro que me nomeie.
Sei que não sabes que eu não sabia que não era possível.
Aibieme
Mas também sabes que não nos submetemos por estratégia. A inteligência, como o gozo, tem um horizonte temporal curto, sucumbe rapidamente ao sentimento, perdendo aí o confronto com a ilusão. Acreditar, como acontece no teatro e no comércio, que a simulação é uma táctica fecunda para obter do outro o benefício. A vida é um teatro, desde que não seja a nossa. A realidade coincide com aquilo que cada um sente.
Sabes que episodicamente consegui fugir da minha realidade. Cedi, fui ao encontro do que manifestava o teu desejo e a tua vontade. Ensaiei os modelos de destino que não subscrevia. E depois de uma cedência – depois de uma perda – aprendi que vem sempre outra e outra. Acreditar, como acontece nos sequestros e no dever, que há um resgate que compensa o valor do risco. A vida é uma prisão, desde que não seja a nossa. Do formato equívoco da vontade nasce o outro equívoco da liberdade.
Só muito mais tarde soube – e não sei se tu sabias - que com a experiência não aprendemos nada que antes não soubéssemos. Testamos a liberdade por descargo de consciência, para sentir que o tempo passa na direcção certa. Acreditar, como acontece nos laboratórios e no amor, que o acaso - ou Deus - pode ter um dado viciado a sortear números impossíveis. A vida tem um destino, desde que não seja a nossa. Não me interessa o que está escrito em nenhum livro que me nomeie.
Sei que não sabes que eu não sabia que não era possível.
Aibieme
2 comentários:
Para já não me fez nada bem ler isto. Para depois talvez venha um desenfreado elogio e até um agradecimento. Sei que sabias que as palavras dos outros nos servem de estranhas maneiras e por isso não é bom saber também aqui que afinal não é possível.
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