Fragmentos de um discurso amoroso pelo Dr. Isidro Medário, proferido como oração de sapiência no solene encerramento do 7º Congresso Internacional de Literatura Inclusa na localidade de Pexiligais, no concelho de Sintra, em Portugal, no esplêndido verão de 2006, num domingo, logo a seguir à hora da sesta.
"Meus caros amigos congressistas tenho o exigente privilégio de fechar este evento extraordinário, dando-vos, dentro do possível, uma visão integrada do que aqui se desenrolou durante esta semana.
Quando digo meus estou a referir-me à proximidade que me permitiu tomar posse da vossa amável simpatia e da euforia que se apoderou do meu ser ao pressentir no plano global e especialmente no plano particular a acutilância sublime dos gestos mágicos do amor. Ao dizer caros refiro-me primeiro ao cuidado que todos vós em mim despertaram, à atenção para que os vossos desejos e bem-estar fossem favorecidos, e em segundo ao preço exorbitante em que esta festa ficou, felizmente atenuado pelos exemplares patrocinadores de que destaco a empresa de telecomunicações que nos forneceu as camisolas, à cervejeira que a todos distribuiu vistosas havaianas e a Casa de Pasto "O lameiro" que nos forneceu a Cát..., perdão, os fantásticos e reluzentes frangos assados. Os cortes orçamentais que o governo tem generosamente distribuído, foram para nós um estímulo à imaginação e à adrenalina, dando a este fim de sessão o carácter épico que nos rejuvenesceu o espírito e a sagacidade.
A palavra amigos refere-se à cumplicidade que se estabeleceu entre nós e à profundidade orgânica que nos faz parte de uma mesma causa e nos sublima os desejos e as aptidões. Somos difusores ambivalentes de uma boa-nova literária e quadros emergente de um poder que poderá finalmente trazer ordem às nações e estabilidade às famílias. De congressistas posso dizer que é aquilo que aqui nos começou por reunir. Se começasse agora aqui uma prosa literária diria: «No princípio era o Congresso, e o Congresso era o início de todas as coisas.» E estou certo que assim denotaria os sentimentos que partilhamos pela cozinha, perdão, pela Literatura Inclusa e pela vontade que ela passe a ser o paradigma da supremacia da felicidade e do bom gosto.
De tenho posso dizer que é outro indício de posse que se apossou de mim nestes dias que se mostraram deslumbrantes na arte, no engenho e nos temperos especiais, no picante que levou a lavar a língua com abundantes e frescos líquidos. Nada como a literatura para nos incluir na realidade e trazer de novo a festa aos sentidos. O o vem sempre em português para articular o sentido e vem ainda mais a propósito quando se passa por ele como elemento erótico por excelência e símbolo do lugar máximo da satisfação do desejo."
(continua)
Torcato Matos
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