terça-feira, setembro 12, 2006

Mantras

Nada é suficientemente importante que daqui a dez minutos já não seja.
A hipótese de suicídio é uma garantia de que qualquer problema pode ser ultrapassado.
A maioria das pessoas passam os minutos uns a seguir aos outros a fazer disparates.
Eu também.
A solução é tentar reduzir a dimensão e a frequência dos disparates.
Mas é bom saber que não existe solução nenhuma ou que nenhuma solução é definitiva.
Não é certo nem garantido que um esforço agora reduza o sofrimento no futuro.
Mas é quase certo que um esforço agora em nada afectará o sofrimento e o esforço no futuro.
Li há pouco alguém que se perguntava sobre o que era o estrangeiro.
Eu pergunto o que é que é o esforço e o sofrimento.
Como é que se está sem isso?
Faça o que fizer morro mais cedo ou mais tarde.
Uma batalha que se sabe perdida não chega a ser uma batalha.
As batalhas desproporcionadas são sempre ridículas.
É isso que torna cómicas algumas lutas para manter a aparência.
“Olhem só como eu seria jovem se não tivesse envelhecido!”
“Admirem como eu seria magro se não tivesse engordado!”
“Vejam como eu seria rico se não tivesse nascido pobre!”
“Espantem-se com a minha sabedoria se eu não fosse um asno!”
“Reparem como seria a minha liberdade se eu não fosse um escravo!”
Tudo pode ser precisamente o contrário do que se pensa que é.
E vice-versa.
Teria sido melhor se eu tivesse arranjado um Deus só para mim.
Deus como segurança pessoal e intransmissível.
Este é o meu Deus, trata de mim para que nada me falte e eu possa passar alegremente por cima dos outros.
DEUS: Divina Empresa Universal de Segurança.
Atrás de mim virá quem fecha a porta.
Perigosas são as pessoas que não amam ninguém.
As que amam muito são inimputáveis.
Quando não tenho em que pensar e tenho tempo para pensar, penso no tempo.
Fico feliz por ao ser português ter um tempo tão ambíguo.
Pronto, consegui, já estou feliz.

Artur Torrado

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