TM - Dr. Isidro Medário, depois do extraordinário sucesso do congresso internacional da Literatura Inclusa, que tão bem organizou e nos deu a honra de divulgar, agradecemos-lhe a disponibilidade que demonstrou para responder a algumas questões sobre a sua carreira literária.
IM - Primeiro tire o Dr.. Desde que renunciei à vida académica e me apercebi do absurdo dos títulos passei a ser simplesmente Isidro. Apesar de já antes prescindir do título fora das minhas tarefas académicas e principalmente na qualidade de escritor. Depois não percebo o que quer dizer com 'também' organizei...
TM - Eu disse 'tão bem', não disse também...
IM - Ah! Tem razão. É que estou tão habituado a em certos meios o 'também' se dizer 'tão-bem' que já me tinha esquecido do 'tão bem'.
TM - Pois é Isidro, eu estava a dizer-te que organizaste o congresso muito bem...
IM - O Torcato desculpe mas eu apenas disse para não me tratar por doutor, o que não quer dizer que tenha que me tratar por tu.
TM - ...
IM - A língua portuguesa tem uma diversidade suficientemente grande para não termos que nos tratar todos da mesma maneira. O facto é que não andei consigo na escola, nem na tropa, nem frequentamos o mesmo café e provavelmente não somos do mesmo clube. Além disso, embora esse aspecto me custe, tenho mais do que o dobro da sua idade, caramba.
TM - Peço desculpa, Dr. Isidro...
IM - Porra que você é extremista!
TM - Não vai voltar a acontecer.
IM - ...
TM - A primeira pergunta que eu tenho para lhe fazer é a que os seus incondicionais adeptos mais fazem: para quando a saída do seu sétimo livro?
IM - Essa poderia ser uma excelente pergunta se eu pudesse dizer-lhe uma data. Sim, seria excelente se eu pudesse dizer, por exemplo, sai daqui a um mês. Ou, sai daqui a um ano. Até já me agradava se pudesse dizer sai dentro de dois anos. Mas como não lhe posso dizer nada disto, é, desde já, uma péssima maneira de começar, uma péssima pergunta, portanto.
TM - Compreendo... Mas há-de compreender que os seus leitores estão há trinta e dois anos à espera...
IM - A arte, amigo Torcato, é irredutível. Não podemos sujeitar-nos às exigências dos leitores. Lamento dizê-lo desta maneira. Trinta e dois anos passam muito depressa. Parece que foi ontem...
(continua)
Torcato Matos
8 comentários:
Diálogo (?) genial! Fico à espera da continuação...
o torcato deve ter andado a beber na fonte ... ali pela TVI onde os jornalistas são toda de primeira escolha.
Boa, Torcato, vai em frente!
Caras Addiragram e Fausta, esta entrevista não correu nada bem. Nem começou bem, nem acabou bem. Mas na falta de ficção temos que nos cingir à realidade. E a minha preocupação é, acima de tudo, a verdade, a autenticidade. Não devo, por muitas razões, interferir no andar da carruagem e já é uma benção poder servir de veículo transmissor entre os factos e a sua enunciação. O contrato é dizer o que vejo e não o que penso. Recebo á peça. Podia ser pior...
Pois...o tempo passa muito depressa mesmo.
A quem o dizes!
Caro MFC, o Dr. Isidro não é uma pessoa de trato fácil. Eu não subscrevo (nem tenho de subscrever) as opiniões de um académico de créditos firmados. De facto, na minha modesta opinião, não me parece que o tempo passe depressa nem devagar. Passa, é verdade, à mesma velocidade para toda a gente. Nem sei se isso é bom. Talvez certas pessoas merecessem que o tempo passasse para elas mais devagar. Mas não tenho a certeza e o melhor é não me meter para campos que não são a minha especialidade.
caro t.matos, veja se se decide, homem...
sobra-lhe no nome aquilo que lhe falta em destreza masculina. digo eu... que tenho sempre as minhas dificuldades em compreender a vossa espécie!
Caríssima Fausta, o que nos permite acasalar com proveito natural é o facto de sermos da mesma espécie. Suponho que se quer referir à sua proverbial dificuldade em entender o nosso género. Fora eu um colunista de opinião neste blogue, em vez de mero articulista de factos, e teceria considerações, certamente polémicas, sobre a dificuldade que pode haver em uma mulher compreender um homem, se tivermos em consideração que compreender significa etimologicamente meter dentro. Não quero portanto enveredar por caminhos que me poderiam tornar alvo de alguma acção disciplinar interna, até porque está muito difícil arranjar empregos minimamente decentes e tenho colegas de curso que até já chegaram ao mais trágico dos dilemas: ou o sol ou a televisão.
"meter dentro"???????
bem... meti-me com a pessoa errada.
gosto de homens inteligentes mas que não me superem...
vou-me... de rabinho entre as pernas.
desta vez, perdi!
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