segunda-feira, julho 10, 2006

A dificuldade de ler (14- P/P14)

- Então como te chamas, pá?
- Diz-me tu o nome que hei-de ter.
- É justo. Vou nomear-te. Chamar-te-ás Pedro*!
- E tu, como te chamas?
- Eu? Boa! Nomeia-me tu. Dá-me um nome que passe a ser o meu. Ou adivinha o meu nome.
- Chamo-te chefe**.
- Hum... Não, muito convencional.
- Deus***?
- Eh pá, isso é uma blasfémia. Tenta outro. Imagina alguma coisa que a minha cara te lembre.
- Não consigo ver, está muito escuro. Apetecia-me chamar-te Bill****.
- Ok, ok. Bill, acertaste. Bill o rapaz do Filão Trópico. Que achas?
- Não percebo mas acho bem, Bill. Fica-te bem o nome.
- Vejo que nos entendemos. Pedro. Pedro Tocha *****! Este é um grande dia para nós e, terás de reconhecer, especialmente para ti.
- Agradeço-te a boa vontade Bill, és um cavaleiro****** às direitas.
- Como disse em tempos e com elevado sentido de estado um profeta do Apocalipse, “há males que vêm por bem”. A tua história era para ser outra. Sei de fonte segura - e eu sou um homem muito bem informado - que a tua história, a tua outra história, foi comida por um disco rígido. O sistema operativo******* falhou e da tua história ficou o que já estava escrito. Há portanto uma descontinuidade no espaço tempo e toda uma infinidade de possibilidades na tua mão.
- Perdi há pouco a oportunidade de ficar um homem rico por possuir um colar de diamantes.
- Estás a exagerar. Era apenas uma pulseira. Nada de especial, Pedro. Nada de relevante perante o futuro que te espera.
- Confesso que não te percebo.
- Por uma questão de relevância cósmica prefiro que me chames Mestre Bill********.
- Como queiras, Mestre Bill.

* Peter no original; ** Boss no original; *** God no original; **** Bill no original; ***** Peter Tosh no original;
****** Cavalheiro no original; ******* OS no original; ******** Master Bill no original

(continua)

Torcato Matos

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